terça-feira, 11 de outubro de 2011

Grandes cronistas, crônicas imensas

Nascida efêmera, rompeu barreiras e se tornou atemporal. Filha do jornalismo, a crônica oferece contraponto à linguagem objetiva do jornalismo.

Segundo o estudioso Antonio Candido, “a crônica não é um gênero maior", e ele mesmo completa: "graças a Deus, assim ela fica perto de nós”. Isso porque sua linguagem coloquial humaniza e cria intimidade entre o cronista e o leitor.

É nas cronicas que vemos a nossa história sendo escrita, literalmente. Afinal, a crônica, no Brasil, vem sendo praticada assiduamente desde que, o então jornalista, José de Alencar começou a publicar uma seção diária, chamada Ao correr da Pena, na qual comentava variados assuntos relacionados à vida no Rio de Janeiro e no Brasil. Do mesmo modo Machado de Assis, considerado o pai da crônica brasileira moderna, publicou crônicas durante toda a sua vida e em vários jornais.

Um fato interessante é que muitos dos nossos mais criativos ficcionistas sobreviveram das crônicas, pois, por exemplo, foram publicando mais de uma por dia, em diferentes jornais. Foi assim que Olavo Bilac se manteve durante grande parte da sua vida. O mesmo aconteceu com Caio Fernando Abreu. Talvez, por tratar da crônica como um “ganha pão”, estes autores tenham se sobressaído mais em outros gêneros, Caio Fernando como contista e Olavo Bilac como poeta.

Caso totalmente distinto é o de Rubem Braga, que talvez seja o único escritor brasileiro que obteve reconhecimento literário exclusivamente por sua produção cronística. Com uma pitada de lirismo e ironia, Rubem Braga elevou a crônica a outro nível, colocando-a ao lado do seu irmão famoso, o conto.

O certo é que Rubem Braga é da mesma linhagem de Kafka e Clarice Lispector, sendo a simplicidade apenas aparente. Assim também é a crônica de um bom cronista, a partir de uma experiência individual, de um ponto de vista, se cria e se alcança o universal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário