Graças à sua intertextualidade e humor inerentes, as charges sempre tiveram uma presença questionadora em relação à política.
Durante os tempos ditatoriais, elas se apresentam como arma especial na luta contra a censura e as práticas autoritárias, pois o humor é, quase sempre, transgressor. Fazer piada sobre esses problemas é sempre uma maneira eficaz de se fazer pensar.
Um exemplo de chargista que usou o humor como arma foi Henfil, seus personagens Bode Orelana, Zeferino e Graúna ridicularizavam o desenvolvimento do sul maravilha e expunham a polarização do Brasil. Angeli é outro que “cutucou” os políticos, em uma charge intitulada “Lula, o metalúrgico”, na qual o artista ironiza a campanha então apelidada de “paz e amor” do ex-presidente da república.
O último presidente militar João Figueiredo se viu retratado em charge de Chico Caruso, que pintou o quadro da situação política do momento: um país assombrado pelas ligações do terrorismo de direito com o atentado à bomba no RIO Centro, em 1984.
Podemos ainda citar o recente caso da Primavera Árabe que teve como figura especial um artista brasileiro, o chargista Carlos Latuff que teve seus trabalhos reproduzidos em larga escala e empunhados como bandeiras, principalmente na Líbia e Egito.
E quem pensa que a charge é um fenômeno contemporâneo se engana. São inúmeros os desenhos encontrados ironizando reis, religiosos e mesmo um que data da revolução francesa em que Robespierre aparece se auto decapitando. Prova irrefutável de que as charges e as contestações políticas sempre andaram juntas.
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