segunda-feira, 21 de novembro de 2011

“Pela liberdade de tirar sarro”

Recentemente, um semanário francês de sátiras teve seu escritório incendiado após ter veiculado uma charge do profeta Maomé. O semanário Charlie Hebdo, que é independente, foi fundado em 1970 e mistura jornalismo investigativo com reportagens, caricaturas echarges politicamente questionadoras. São alvos preferenciais de suas “ridicularizações” as seitas, a extrema direita francesa, o catolicismo, o islamismo e o primeiro ministro francês Nicolas Sarkozy.

A charge que causou alvoroço trazia um Maomé às gargalhadas e a frase: "Cem chicotadas se não morrerem a rir”. A ideia era criticar a adoção da lei Sharia – charia, chariá, xaria ou xaria – na Líbia. De maneira simplificada, o que se questionava nas charges e na edição em questão era o fato da não separação do estado e da religião. Ou seja, a não-laicidade do estado.
A repercussão negativa e o suposto atentado às dependências do Charlie Hebdo, não intimidaram os jornalistas. E o jornal veio a público defender a “liberdade de tirar sarro”. Para isso, foi convidado como “editor especial” ninguém menos que Maomé. A edição traz também uma charge na qual dois homens, um caracterizado como mulçumano e outro como um desenhista da Charlie Hebdo. Ainda se pode ler a frase: “O amor é mais forte que a raiva”.

Os jornalistas responsáveis pelo semanário afirmam em nota especial que há motivos para se imaginar que tenha ocorrido um ataque, mas por outro lado poderiam ser apenas estragos causados por vândalos ou/e bêbados. O chefe da mesquita de Paris repudiou as ações e reiterou o direito à liberdade de imprensa, sobretudo, ao de expressão.

Vale lembrar que charges de teor político e religioso sempre causam “rebuliço”, mas é essa uma das principais funções das charges, não? Fazer com que reflitamos sobre o rumo que as coisas tomam na nossa sociedade mesmo que isso incomode um pouco.

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